Canto Litúrgico



  BEM VINDO!
Nesta página você encontra textos e artigos referente ao canto liturgico. Algo indispensavel em nossas comunidades e que devem ser sempre observados com carinho e aperfeiçoados.

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TODO BOM MÚSICO E SERVO CRISTÃO TEM DEVER DE ESTAR ATUALIZADO NOS ASSUNTOS DE LITURGIA PARA MELHOR CELEBRAR AS MISSAS!
Faça bom proveito e use em sua comunidade!
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ORIENTAÇÕES RÁPIDAS PARA A SELEÇÃO DOS CANTOS POR PARTE DA MISSA

OBS: O mencionado a seguir está de acordo com as normas litúrgicas dadas pelo missal romano, guia da liturgia católica. O que estiver fora dessas orientações pode não ajudar o povo a rezar, algo que é a função primordial do canto litúrgico. 

Todos os conteúdos aqui apresentados de forma íntegra estão dispoíveis na página CANTO LITÚRGICO no blog e também para download na CENTRAL DE DOWNLOADS


O que segue abaixo é BEM RESUMIDO. Exceções podem ser aceitas dependendo das circunstâncias, desde que sempre seja aceito e acordado com o padre e equipe litúrgica.
Vale ressaltar que missa não é show e que não pode ser cantado qualquer coisa e de qualquer jeito.
Os cantos precisam fazer sentido com cada momento e com a missa em si. 
E SEMPRE prevalecer o bom senso relavando-se a realidade espiritual e cultural da comunidade.

Geral

- As letras não devem ser conjugadas na 1ª pessoa do singular (EU, ME, A MIM...tipo "eis-ME aqui Senhor"... Senhor quando TE vejo... ME chamaste pra caminhar...) Porque estamos em igreja rezando em comunidade, e não individualmente. Sempre deve ser na terceira pessoa do plural (NÓS...)

- Na quaresma não deve haver nenhum canto com as palavras Aleluia, e não se canta o glória. Evita-se cantos muito agitados pois é tempo penitencial, reflexivo e de "espera", assim como no advento.

- Os cantos não devem ser excessivamente difíceis, o povo deve ser levado a cantar junto e não assistir (MISSA NÃO É SHOW). Por isso melodias fáceis e tons confortáveis para a comunidade devem prevalecer.

- Não é apropriado cantar mais de um ou dois cantos novos em uma celebração. Sempre que cantá-los é preciso repetir por várias celebrações para o povo aprender bem. Se possível é indicado também ser ensaiado com o povo 10 a 15 minutos antes do inicio da celebração. Após esse período deve-se deixar um clima de oraçõ e silêncio na igreja.

- Jamais os instrumentos devem prevalecer às vozes, e nem as vozes dos cantores "abafar" a comunidade. A primeira função da equipe de animação litúrgica é "LEVAR O POVO A CANTAR". ou seja, a equipe precisa dar também espaço ao povo para cantar junto.

- Os instrumentos devem ser afinados SEMPRE uma hora antes da celebração, e devem sempre ser equilibrados de forma a não gerar muito barulho ou chamar muito a atenção, algo que tira o foco da comunidade na missa, e muito menos ficar tocando os instrumentos entre as músicas na missa. O bom senso deve prevalecer nos instrumentistas e cantores nesse aspecto... IGREJA É LOCAL DE ORAÇÃO NÃO "BADERNA".

- Tudo o que for chamar a atenção do povo durante os cantos DEVE ser evitado, pois novamente citando... MISSA NÃO É SHOW e o povo deve ser levado  REZAR ATRAVÉS DOS CANTOS.

- Vários cantos são opcionais, e tudo que for fora do comum deve ser combinado com o Padre e equipe liturgica antes da missa.


- Muitos enfeites e mudanças na melodia originais nas musicas não é apropriado, pois dificulta a participação do povo, além de ser desrespeito para com o compositor da música e letra.


- Os cantos precisam ser escolhidos de acordo com cada momento da celebração, e de acordo com o tema central da mensagem do evangelho e das leituras. Pode ainda falar sobre algum tema específico da liturgia do dia, como algum santo, dízimo, missão, missa vocacional, solenidades, festas, comemorações gerais, etc...

- Por fim o bom senso deve prevalecer na escolha dos cantos preocupando-se sempre em ser instrumento da palavra de Deus pela música e em levar o povo a rezar e cantar.
   E arranjos nos cantos devem ser feitos de forma a não cansar o ouvido do povo, não tocando e cantando sempre da mesma forma em todos os cantos.        
   Uma sugestão legal é alternar os cantores entre as estrofes, fazer duetos, solos, trios... os instrumentos devem trabalhar com dinãmica musical, variando de intensidade (volume) entre refrões e estrofes e mudandos os toques dos instrumentos, também para não gerar fadiga auditiva. Tudo isso ajuda o povo a manter a concentração nos cantos sem ficar "enjoado". 
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Existem dois tipos de cantos na celebração:
O ritual e o que acompanha um rito. 
Mas antes de mais nada o que é RITO?
Rito é uma ação simbólica repetida regularmente para aprofundar o sentido da vida dentro de determinada cultura ou realidade de um grupo. O rito não é só usado na celebração litúrgica. Nossa vida é repleta de hábitos, costumes, de gestos repetidos. Todas as religiões têm seus ritos, conjunto de ações repetidas para expressas sua fé, sua maneira de ver a vida, o mundo, e a sua relação com a divindade.

1. Canto que acompanha um rito: Canto que acompanha um rito enquanto ele acontece e é realizado pelo presidente da celebração ou outras pessoas da equipe litúrgia, como procissões e outros momentos específicos.
Entre eles estão: Mantras, abertura, oferendas, paz, comunhão e final.

2. CANTO RITUAL:  Estes cantos consistem no rito em sí (são orações/momentos cantadas), e a igreja disponibiliza as formas originais, que não devem ser modificadas. Esses cantos são importantes pois eles mesmos consistem nos ritos e devem ter atenção especial.  
Entre eles estao: Ato penitencial, glória, aclamação ao evangelho, santo, amém e cordeiro.


A missa é composta de alguns momentos, podendo ter os cantos específicos onde estiver em fonte itálico

 
1. Ritos iniciais
- Mantra (opcional)
- Abertura
- Acolhida
- Perdão
- Hino de Louvor

- Oração da coleta


2. Liturgia da Palavra
- Entrada da palavra (se houver)
- Mantra da palavra (se houver)

- Primeira Leitura (1º Testamento)
- Salmo (Preferêncialmente cantado)
- Segunda Leitura (2º Testamento - Cartas)
- Aclamação ao Evangelho
- Evangelho (Matheus, Marcos, Lucas ou João)
- Homilia
- Profissão de Fé (Creio)
- Oração da Assembléia (Preces)

3. Liturgia Eucarística   
- Preparação das oferendas 
- Prefácio (geralmente próprio do dia ou a escolha do padre)
- Santo
- Oração Eucarística (As respostas podem ser cantadas)
- Doxologia (Amém)


4. Rito da comunhão
- Oração do Pai Nosso
- Oração Pela paz
- Abraço da Paz
- Agnus Dei (Cordeiro)
- Momento da comunhão


5. Ritos Finais
- Oração pós comunhão
- Avisos (se houver)
- Benção final
- Canto Final

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EXPLICAÇÃO DOS CRITÉRIOS BÁSICOS PARA A ESCOLHA DE CADA CANTO

MANTRAS

São curtos trechos cantados e tocados lentamente e suavemente, de forma que leve o povo a meditar e se concentrar para o momento que segue. Pode ser cantado antes dos cantos de abertura ou de comunhão e antes da primeira leitura.
- Pode ser pequenos trechos de músicas, refrões ou até mesmo criadas, de acordo com o tema da liturgia.
- É preciso dar preferência à cantos ou trechos conhecidos.

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CANTO DE PROCISSÃO DE ENTRADA – Abertura (Acompanha o rito):

Acompanha a procissão de entrada.
- Deve introduzir todo o tema PRINCIPAL da celebração.
- Sempre convidar o povo a celebrar JUNTOS a Santa Missa como comunidade de fé.
- A letra da música precisa estar conjugada na terceira pessoa do plural (nós) pois é um canto que convida a COMUNIDADE NUM TODO  rezar juntos, assim como todos os demais cantos.
- Canto vivo e alegre, iniciando a missa com ALEGRIA.
- Na QUARESMA deve ser um canto solene, meditativo e penitêncial, assim como TODOS os demais cantos.
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ATO PENITENCIAL (Canto Ritual)

Momento de perdão e penitência. Hora de nos redimirmos e humildemente pedir a misericórdia de Deus diante dos nossos erros.
- Deve conter OBRIGATÓRIAMENTE parte da Oração de Perdão: “Senhor tende piedade de Nós, Cristo tende piedade de Nós, Senhor Tende Piedade de nós"

Se possível até trechos da ORAÇÃO ORIGINAL DE PERDÃO (Confesso a Deus todo poderoso e a vós irmãos e irmãs...)

- Precisa ser cantado e tocado em clima penitencial, sem agito e muito barulho, para se conservar um clima de reflexão, perdão e penitência NECESSÁRIO nesse momento da celebração.
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GLÓRIA (Canto Ritual)

É o momento de louvor da celebração, cantado com alegria para agradecer a Deus por ter nos perdoado no momento do ato penitencial e para louvarmos a Deus por tudo em nossa vida.
- Deve conter a fórmula original do hino de louvor (Glória a Deus nos altos céus e paz na terra aos homens...)
- Não deve ser trinitário (louvar apenas ao Pai, Filho e Espirito Santo) Pois ele deve ser a oração completa do glória sem alterações.
- Não se canta o glória na quaresma e no advento (exceto na quinta-feira de lava pés, na semana santa)

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ENTRADA DA PALAVRA (opcional)
Acompanha o momento da entrada da palavra de Deus, contida no Lecionário dominical ou semanal.
- Pode-se cantar algo que seja explicitamente sobre biblia, palavra de Deus, acolher a palavra de Deus, etc...
- Geralmente cantado em clima de alegria e solenemente.

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ACLAMAÇÃO AO EVANGELHO (Canto Ritual)

Comunica alegremente o momento da proclamação da palavra da Salvação, o evangelho.
- Deve conter no refrão a palavra Aleluia (exceto na quaresma).
- Deve ter (preferêncialmente) nas estrofes, trechos do evangelho que será proclamado ou frases que remetam o canto ao tema da celebração.

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PREPARAÇÃO DAS OFERENDAS (Acompanha o rito)

Acompanha o momento da preparação das oferendas.
- Deve ser sobre o tema da celebração (dizimo, maria, vocação, etc...)
- Necessariamente deve ter as palavras chave do momento da preparação da mesa da eucaristia, como: pão, vinho, ofertas, oferendas, obrigado senhor, ofertar, etc... além de conter outro tema específico como citado no ítem anterior.
- Não deve ser extenso. Deve terminar após o Sacerdote fazer a "purificação" das mãos, sem se alongar, exceto se o mesmo for insensar o altar.

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SANTO (Canto Ritual)

É o momento de louvor da oração eucarística (principal oração da missa). Ele louva o Santo Nome de DEUS, e à ele solenemente.
- Deve ser constituído pela própria oração do Santo sem muitas modificações: “Santo, Santo, Santo, Senhor Deus do Universo, os Céus e a Terra proclamam a Vossa Glória. Hosana nas alturas, bendito o que vem em nome do Senhor, Hosana nas alturas...”
- Cantado de forma solene, calmamente na quaresma e advento e de forma alegre em celebrações festivas, mas sem ser alterado a forma original.

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AMÉM – Doxologia (Canto Ritual)

Doxologia. Momento do SIM de toda a comunidade para tudo o que foi proclamado e refletido das sagradas escrituras e na oração eucarística. Doxologia significa literalmente “palavra de glória”. É formada por dois termos gregos: doxa, que significa glória, e logos, que significa palavra.
- Deve conter a palavra AMÉM, e pode ter também a palavra Aleluia, principalmente se for tempo pascal ou natal.
- Cantado alegremente com palmas (exceto na quaresma e advento)

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PAI NOSSO (Canto Ritual)

Literal oração do pai nosso
- Raramente cantado, mas se cantado não deve ser alterado da oração original do pai nosso, pois assim estaríamos mudando a própria oração, só que estaria sendo feita de forma cantada.
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ABRAÇO DA PAZ (Acompanha o momento)

Não é um canto ritual e nem acompanha um, mas sim pode acompanhar um momento antes do rito de comunhão, que é o abraço da paz (após a oração da paz e antes do cordeiro). Não é obrigatório e nem tem momento específico na liturgia, mas criou-se um costume em cantá-lo nesse momento da celebração.
- Precisa ser alegre e falar de paz, além de ser breve e sem muito agito para não tumultuar o momento do cordeiro que virá em seguida.
- É um canto opcional.

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CORDEIRO DE DEUS (Canto ritual)

Agnus Dei,  do latim. Momento em que o Sacerdote parte o pão e entrega o corpo de Cristo oficialmente para ser distribuído à comunidade. É um momento forte e solene onde o sacerdote mostra para novamente para a comunidade o corpo e sangue de cristo transubstânciado intantes antes de ser partilhado.
- Não pode servir para acalmar o povo após o momento do abraço da paz.
- Precisa ser um canto solene e curto. Excepcionalmente precisa ser combinado com o sacerdote se será cantado ou não. Se for rezado deve ser puxado por alguém da equipe de animação.
- Precisa ser seguido a fórmula original do cordeiro: "cordeiro de Deus que tirais o pecado do munto, tende piedade de nós (2x), cordeiro de Deus que tirais o pecado do mundo, dai-nos a paz".
- Este canto inicia quando o sacerdote pega em mãos o "Corpo de Cristo" e o levanta para a comunidade.
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COMUNHÃO (Acompanha o Rito)
Momento em que recebemos o corpo e o sangue de cristo em forma de pão. Precisa necessáriamente ser um canto que expresse emoção e alegria pois estamos indo ao encontro do Cristo Eucarístico.
- Deve falar de eucaristia, pão, vinho, comunhão, mesa, comunidade, etc.
- Deve falar sobre o tema da liturgia do dia ou de algo especifico, mas sem perder a excência de um canto de comunhão.
- Cantado de forma a se levar o povo a caminhar em procissão. Nem lento demais (se arrastando) nem acelerado (correndo), pois é um canto que acompanha uma procissão.

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PÓS COMUNHÃO (Opcional e desnecessário na liturgia)

Foi um canto inventado pelas pessoas ao longo dos anos. Na liturgia não existe espaço e nem momento específico para esse tipo de canto. A liturgia pede que seja um momento de silêncio para uma oração interior e silenciosa de louvor a Jesus Eucarístico que ja está dentro de nós.
SE FOR O CASO SER CANTADO não deve ser um momento de show, mas de música suave para reflexão e oração pessoal, e deve SEMPRE ser combinado como padre e ter TOTAL a ver com a liturgia.

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FINAL (Encerra a celebração)

A liturgia não especifica nada sobre este canto, mas é cantado geralmente com ALEGRIA para acompanhar o povo rumo à vida quotidiana onde viverá tudo o que ouviu na missa, cheios do Espirito Santo, da Palavra de Deus e do pão eucarístico.
- Pode ser cantado algo sobre o tema da celebração ou geralmente sobre o Santo Padroeiro da Comunidade ou que seja celebrado no dia, ou sobre Maria.


Autoria do artigo: Agnaldo Armindo


Fontes de estudo e pesquisa: Artigos sobre liturgia da Irmã Miriam T. Kolling / Livro "Liturgia em Multirão"- CNBB 2007 / Orientações litúrgicas da CNBB / CANTO E MÚSICA NA LITURGIA PÓS-CONCÍLIO VATICANO II Princípios teológicos, litúrgicos, pastorais e estéticos - Gaudium et Spes, Constituição do Concílio Vaticano II, sobre a Igreja no mundo de hoje, 1965. A música litúrgica no Brasil, Estudos da CNBB, nº 79, 1998. / Musicam Sacram, Instrução da Sagrada Congregação dos Ritos, sobre a música na sagrada liturgia, 1967. / Pastoral da música litúrgica no Brasil, Documentos da CNBB, nº 7, 1976. / Sacrosanctum Concilium, Constituição do Concílio Vaticano II, sobre a sagrada liturgia, 1963. /Instrução geral do Missal Romano (IGMR) / Guia Litúrgico Pastoral (CNBB) / Estudo da CNBB 79 – A música litúrgica no Brasil / Música na liturgia – Frei Alberto Beckhaüser / Quem canta? O que cantar na liturgia? – Frei Joaquin Fonsceca / Cantando a missa e o oficio divino - Frei Joaquin Fonsceca 


                                                    São Paulo, maio de 2005.


CANTO E MÚSICA NA LITURGIA PÓS-CONCÍLIO VATICANO II
Princípios teológicos, litúrgicos, pastorais e estéticos
Texto produzido pelo setor “Música Litúrgica” da CNBB

Introdução
Este subsídio resume de maneira sugestiva o que de mais importante vem se definindo como rumos e diretrizes para o fazer litúrgico-musical entre nós, desde a promulgação da Constituição sobre a Sagrada Liturgia, do Concílio Vaticano II, em 1963. É o resultado significativo de sucessivos encontros promovidos pelo Setor de Música Litúrgica da CNBB, ao longo do ano de 2004, nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Sul.
O mais desejável seria que todos os servidores da arte musical na Liturgia se dessem tempo, regularmente, para meditar cada um dos documentos sobre música na Liturgia, especialmente, a própria Sacrosanctum Concilium e, em nível de Igreja no Brasil, o caderno de “Estudos da CNBB”, nº 79, (1998): A música litúrgica no Brasil1.
O tempo é de muita dispersão e deturpação. Uma enxurrada de coisas produzidas sem melhores critérios e divulgadas sem maiores cuidados, com força devastadora, invade as mentes e os corações dos fiéis menos avisados, solapando os fundamentos sólidos da fé e da piedade. Quando e atenta para o antigo adágio “lex orandi lex credendi”2, percebe-se quão grave é a responsabilidade de quem oferece subsídios para o cultivo da fé do Povo de Deus. E, a este respeito, quem desconhece a importância do canto litúrgico, sua força motivadora e expressiva?...
O discernimento, então, se impõe como prática da vigilância cristã, tão cobrada pelo Mestre dos Mestres, Jesus, sobretudo daqueles e daquelas que têm, por missão, alimentar, de maneira substanciosa, a fé do Povo de Deus: “Quem é o administrador fiel e atento, que o Senhor encarregará de dar à criadagem a ração de trigo na hora certa? Feliz aquele servo que o Senhor, ao chegar, encontrar agindo assim!” (Lc 12,42-43).

I – Do ponto de vista teológico:

1) A Música Litúrgica brota da vida da comunidade de fé. É na contemplação da passagem do Eterno no devir da Natureza e no correr da História... É na intuição do Mistério de Cristo no cotidiano das pessoas e grupos humanos, que o autor e compositor litúrgico encontra sua fonte primeira de inspiração 3.

2) A Música Litúrgica reflete necessariamente o Mistério da Encarnação do Verbo e, por isso mesmo, assume as características culturais da música de cada povo, nação ou região 4.

3) A Música Litúrgica se enraíza na longa tradição bíblico-litúrgica judaica e cristã. Destatradição recebe a seiva que lhe garante a identidade, bem como o incentivo a beber na rica fonte dos Salmos e demais cânticos bíblicos do Antigo e Novo Testamento. As melhores composições produzidas ao longo da experiência celebrativa das Igrejas, todas elas de forte inspiração bíblica, são também nossas melhores referências 5.

4) A Música Litúrgica se insere na dinâmica do memorial, própria e original da tradição judaico-cristã: é canto, são palavras, melodias, ritmos, harmonias, gestos, dança... a serviço da recordação dos fatos salvíficos, um passado significativo que aflora nos acontecimentos, no hoje, no aqui-e-agora da comunidade cristã, a qual prolonga a experiência da Mãe do Senhor, de quem se diz que guardava todas estas coisas, meditando-as no seu coração (Lc 2,19; cf. 51b)6.

5) A Música Litúrgica tem o papel pedagógico de levar a comunidade celebrante a penetrar sempre mais profundamente o Mistério de Cristo7. Por sua força e suavidade, capacita-a, com singular eficácia, a experimentar e entender, com todos os santos, qual a largura, o comprimento, altura, a profundidade... (...) o amor de Cristo, que ultrapassa todo conhecimento (Ef 3,18-19).

6) A Música Litúrgica brota da ação do Espírito Santo, que suscita na assembléia celebrante o fervor e alegria pascais, provocando em quem canta uma atitude de esperança e amor, diante da realidade em que vive8. Sua tônica principal é e será sempre a alegria escatológica: mesmo vivendo em meio a rupturas dolorosas de todo tipo de opressão, exclusão e morte, a Música Litúrgica expressa a esperança de um novo céu e uma nova terra (Ap 21,1; cf. Is 65,17)9.

7) A Música Litúrgica, a seu modo e por sua vez, expressa, finalmente, a natureza e sacramentalidade da Igreja, Povo de Deus, Corpo de Cristo, na diversidade de seus membros e ministérios, já que há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo. Há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. Há diferentes atividades, mas é o mesmo Deus que realiza tudo em todos. A cada um é dada a manifestação do Espírito, em vista do bem de todos (1Co 12,4-7)10.

II – Do ponto de vista litúrgico:

1) A Música Litúrgica autêntica traz consigo o selo da participação comunitária. Ela reflete o direito que todo cristão e toda cristã têm, por força do sacerdócio batismal, de expressar-se como assembléia celebrante que louva e agradece, suplica e oferece por Cristo, com Cristo e em Cristo, ao Pai, na unidade do Espírito Santo. Cantando, tocando e dançando, a assembléia celebrante, qual nação santa, povo que ele conquistou, proclama os grandes feitos daquele que nos chamou das trevas a sua luz maravilhosa (1Pd 2,9)11.

2) A Música Litúrgica manifesta o caráter ministerial de toda a Igreja, corpo de Cristo, ao mesmo tempo, uno e diverso, com membros e funções diferentes, se bem que organicamente convergentes: nem todos, a todo momento, fazem tudo. A um(a) cabe animar, a outro(a) interpretar. A um(a), presidir, aos demais, responder. Um(a) é o(a) que proclama, os(as) demais escutam. Embora todos e todas comunguem na mesma fé, vibrem na mesma alegria e, a seu tempo, cantem em uníssono e se balancem no mesmo ritmo, em total sintonia e prazerosa harmonia12.

3) A Música Litúrgica é música ritual. Como tal, ela tem um caráter exigentemente funcional, precisando adequar-se à especificidade de cada momento ou elemento ritual de cada tipo de celebração, à originalidade de cada Tempo Litúrgico, à singularidade de cada Festa13.

4) A Música Litúrgica está a serviço da Palavra. Sua grande finalidade é, portanto, realçar a Palavra emprestando-lhe sua força de expressão e motivação. Jamais poderá, portanto, empaná- la ou dificultar-lhe a audição, compreensão e assimilação14.

5) A Música Litúrgica expressa o mistério pascal de Cristo, de acordo com o tempo do ano litúrgico e suas festas15.

III - Do ponto de vista pastoral:

1) A Música Litúrgica, por um lado, encarna as finezas e cuidados do Bom Pastor para com seu rebanho. Quem exerce algum tipo de ministério litúrgico musical prima, então, por adequar- se à diversidade dos ambientes sociais e culturais, às vivências e contingências do cotidiano, às possibilidades e limitações de cada assembléia. Cabe-lhe, portanto, com sensibilidade e sensatez, não só ajudar na escolha, no aprendizado e na utilização do repertório mais conveniente, mas também cuidar oportunamente da formação litúrgico-musical da assembléia.

2) A Música Litúrgica, por outro lado, reflete aquela solidariedade que caracteriza os discípulos de Cristo na sua relação com toda a Humanidade, pois, “as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos os que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo. Não se encontra nada de verdadeiramente humano que não lhes ressoe no coração. (...) Portanto a comunidade cristã se sente verdadeiramente solidária com o gênero humano e
com sua história” 16.

3) A Música Litúrgica, enfim, é fruto da inspiração de quem vive inserido(a) no meio do povo e no seio da comunidade eclesial, em profunda sintonia com o Mistério de Cristo, contemplado, à luz das Escrituras, no dia-a-dia da vida17. Uma música assim produzida leva a assembléia a celebrar, como Maria na casa de Izabel, a ação transformadora e libertadora do Deus-Pastor. O Cântico de Maria, por sinal, cantado todas as tardes no Ofício de Vésperas e no momento da comunhão nas festas marianas, é a grande referência do canto da Igreja, onde cada autor e compositor deveria se espelhar.

IV – Do ponto de vista estético:

1) A Música Litúrgica, em todos os seus elementos, palavra, melodia, ritmo, harmonia... Participa da natureza simbólica e sacramental da Liturgia cristã, celebração do Mistério de Cristo.

2) A Música Litúrgica, ao mesmo tempo, brota da cultura musical do povo, de onde provêm os participantes da assembléia celebrante. Nesta cultura, então, é que, prioritariamente, busca e encontra os gêneros musicais que melhor se encaixem na variedade dos Tempos Litúrgicos, das Festas e dos vários momentos ou elementos rituais de cada celebração: toda linguagem musical é bem vinda, desde que seja expressão autêntica e genuína da assembléia19.

3) A Música Litúrgica privilegia a linguagem poética. Toda autêntica experiência de oração é antes de tudo uma experiência poética, e a linguagem poética, portanto, é a que mais se ajusta ao caráter simbólico da Liturgia. Evitem-se, portanto, textos de cunho explicativo ou didático, textos doutrinários, catequéticos, moralizantes ou ideologizantes, estranhos à experiência propriamente celebrativa.

4) A Música Litúrgica prioriza o texto, a letra, colocando tudo mais a serviço da plena expressão da palavra, de acordo com os momentos e elementos de cada rito21: uma coisa é musicar um texto para canto de abertura, outra é musicar um texto como salmo responsorial; uma coisa é musicar uma aclamação ao Evangelho, outra, musicar um texto para a procissão das oferendas ou da comunhão; uma coisa é musicar um texto para o ato penitencial, outra
musicar a aclamação angélica do “Santo”; uma coisa é musicar a prece eucarística, outra a bênção da água batismal, outra, ainda, o invitatório no início do Ofício Divino; uma coisa é musicar um repertório para o Tempo da Quaresma, outra musicar um repertório para a Festa do Natal... Muito vai depender, também, da própria experiência litúrgico-espiritual de quem compõe ou da assembléia para a qual se compõe.

5) A Música Litúrgica é chamada a realizar perfeita simbiose (combinação vital) entre a palavra (texto, letra) e a música que a interpreta. Esta simbiose implica, inclusive, em que o texto seja composto de tal maneira que a métrica e a cadência dos versos, bem como os acentos das palavras sejam convenientemente levados em conta pela música, evitando-se descompassos, desencontros e dissonâncias entre o embalo da música e a cadência dos versos ou os acentos de cada palavra22.

6) A Música Litúrgica prescinde de tensões harmônicas exageradas. A riqueza de expressão do sistema modal do canto gregoriano e a grandiosidade da polifonia sacra continuam sendo referenciais inspiradores para quem se dedica ao fazer litúrgico-musical.

7) A Música Litúrgica, ao ser executada, embora se destine a ser expressão autêntica de tal ou qual assembleia, prima por manter-se fiel à concepção original do(a) autor(a), conforme está expressa na partitura, sob pena de perder as riquezas originais da sua inspiração e, consequentemente, empobrecer-lhe a qualidade estética e densidade espiritual.
Exultai, justos, no Senhor,
que merece o louvor dos que são bons.
Louvai o Senhor com cítara,
com a harpa de dez cordas cantai-lhe.
Cantai-lhe um cântico novo,
tocai a cítara com arte, bradai.
(Sl 33,1-3)



Liturgia - Orientações


OS TEMPOS LITÚRGICOS

Advento: O advento marca o início do ano litúrgico. Diferentemente do ano civil, o ano litúrgico inicia-se no final de novembro, logo após a liturgia do Cristo Rei, (último domingo do tempo comum). Advento trata-se da preparação para celebração do Natal do Senhor.

Natal: Comemora-se em 25 de dezembro. É o nascimento de Jesus Cristo, Deus menino, Deus Salvador. Este tempo começa com a celebração do nascimento, até o domingo depois da Epifania do Senhor (inicio de Janeiro).

Tempo Comum: Tempo comum não no sentido de ser menos importante, pelo contrário é o tempo que liturgia começa a refletir sobre a caminhada de Cristo, sua missão, seus ensinamentos. Inicia-se na segunda feira após 06 de janeiro, e prolonga-se até a terça feira antes da quaresma, e retorna na segunda feira posterior ao domingo de Pentecoste, fechando o ciclo do ano no advento.

Quaresma: É tempo de conversão do Cristão, preparação para o acontecimento crucial da igreja, é tempo de penitencia, de recolhimento, de morrermos com Cristo, para ressuscitar com ele, inicia-se por cinco semanas na quarta feira de cinzas.

Tríduo Pascal: Celebra-se na última semana da quaresma, após o domingo de ramos, sendo: quinta feira Ceia do Senhor, sexta feira: Paixão e morte do Senhor, e no sábado: explosão de alegria na vigília pascal

Páscoa: Tempo que vai deste o domingo da ressurreição do Senhor, até Pentecoste, tempo de aleluia, de alegria, Cristo ressuscitou , venceu a morte.

Oitavas de Páscoa ou de Natal: São os oito primeiros dias do tempo pascal, ou do tempo de natal, e são celebrados como solenidades.

O dia litúrgico em geral
O dia litúrgico inicia-se à meia noite, até a meia noite do dia seguinte, exceto no domingo e solenidades, que se inicia à tarde do dia anterior.

O domingo
Dia do Senhor, dia de festa primordial, ele cede sua celebração somente às solenidades e festas do Senhor, porém os domingos do advento, da quaresma e da Páscoa, tem precedência sobre todas as festas do Senhor e solenidades.